Acho que estou começando a sacar essa história de “a vida começa aos 40”; “Aos 40 a mulher está no auge das suas potencialidades”, clichês, clichês, tal e coisa, coisa e tal. O fato é que nunca trabalhei tanto como agora. Estou no auge, sem dúvida, do cansaço.
Aos 20, 30, reclamava de me sentir subaproveitada no ambiente de trabalho. Logo naquele tempo, quando continha toda a energia da juventude à disposição das chefias e do país. Agora, com o dobro da idade, tenho o dobro da responsabilidade, o dobro do trabalho. Virei uma fábrica de motivação ambulante com a metade da disposição mental que já experimentei.
Quem dera ter acreditado que a vida, pelo menos a profissional, começa aos 40…. Teria aproveitado para ter filhos aos 20. Tudo certo, equilibrado. Agora, não adianta chorar sobre o acúmulo de funções derramadas na minha frente, e claro a ausência de filhos.
Você sente um sono mortal às cinco da tarde? Eu sinto. A ginecologista diz que tem a ver com o desequilíbrio do hormônio cortisol. Eu digo: é o resultado do desempenho de múltiplas atividades relacionadas ao lar, trabalho e família. Mulheres, bá!
Nunca estudei tanto como aos 40. Pós graduação, curso de especialização, técnicas novas na área, etc . Quatro vezes na semana, sem contar as leituras nas horinhas de descanso (descanso?). “A genética é injusta com as mulheres”; “Deus é machista”, clichê, clichê tal e coisa, coisa e tal. Só sei que se trata de uma luta inglória. O corpo cai, acumula, curva, empena. As celulites, ah, não falarei dela. O cabelo fica branco, tem que pintar, a tintura estraga o cabelo, vem indicação disso, daquilo. Decidido, ao 40 descobrimos os 40 tens de realidade..
O que acham de mudarmos o clichê para “As reclamações da vida começam aos 40”? Sendo franca, desconfio firmemente que exista uma mulher (não as que vivem exclusivamente do culto ao corpo) que afirme estar se sentindo escultural e no pico da efervescência sexual aos 4.0. Se você é uma delas, convença-me!
Todavia, há uma verdade nesse marco da meia idade: você não se importa mais com miudezas e começa a valorizar o que deve ser valorizado. Você se liberta, se estiver a fim de se libertar, das amarras das expectativas que você criou para si mesma e das que os outros criaram sobre você.
Concluindo, a vida não começa aos 40, definitivamente. Porém, é mais seletiva e, por isso, mais preciosa.