2015 foi um ano estranho. Difícil. Mas incrivelmente surpreendente.
Descobri que não estou sempre certa, e que as pessoas não precisam concordar comigo naqueles dias em que o café está um pouco amargo, e que meu gênio está ruim. Tomei decisões por mim mesma. Contrariei o óbvio, andei descalça, desconfiei do meu extremismo. Aprendi a ser mais humana, a entender meus erros. Já pedi muito perdão por pecado que não cometi. Agora, sei que ser humano traz um pouquinho de saúde e cor às bochechas. Perdi amizades, ganhei amizades, fortaleci amizades – algumas até se transformaram. Reencontrei, desencontrei, apaixonei, desapaixonei. Fiquei a ver navios, mas, como já estava na beira da praia, aproveitei para lavar os pés.
Entendi que podemos, mesmo, esperar tudo das pessoas. E nada. Estudei como nunca, dancei como nunca, chorei como nunca, ri como nunca. Cantei – tão cruel, tão doce, tão anjo e tão águia. Achei que tinha as respostas, mas, quando dei por mim, só havia mais perguntas. Troquei noites por dias, luas por sóis, amanheci, anoiteci. Mandei muitas cartas. Fiz mais declarações de amor aos amigos mais caros. Tomei banhos de chuva, deixei o cabelo crescer, cheguei nos vinte e – caramba, será que agora sou uma mulher de verdade? Escrevi mais – e menos. Deixei vocês esperando. Li poucos livros legais, e criei mil histórias que não escrevi. Olhei nos olhos, deixei-me encantar. Meu coração ardeu, partiu-se, restaurou-se. Ouvi a voz da Razão, segurei na mão de Deus. Toquei mais violão.
Enfim, nada saiu como planejei. Mas tudo saiu melhor do que eu jamais esperaria. Ainda estou tentando entender o que foi 2015. E não posso evitar pensar no que 2016 se tornará.
Feliz Ano Novo. Surpresa, surpresa, surpresa.